Existe muita ficção e realidade e vamos tentar encontrar um meio-termo.
Pois, existe um longo período na história onde nada se sabe e depois, aquando foi escrito, já tinha ocorrido a conversão cristã e muita coisa foi “cristianizada”.
Muita
gente vê Freyja como deusa das Valquírias
ou como quem as comanda, e esta ideia é baseada
em interpretações pois não existe nada especificado, uma base factual digamos,
que a indique como a sua líder. No entanto, na mitologia é nos indicado que existe uma relação entre
elas em várias fontes.
Freyja
é descrita como uma deusa de amor, e mais ainda como sendo uma senhora que como
uma guerreira, mas, uma vez mais, existem também relatos dela como guerreira.
Freyja
é vista como o lado mais positivo do panteão em detrimento de outras deusas,
como Hela, por exemplo. Existem registos que associam Freyja a actos de
violência e de morte, mas ser a líder das Valquírias é um salto de fé, mas dentro do
possível, dependendo da interpretação.
Esta
ideia pode também ter surgido por causa da noção de que metade de todos os
mortos colectados pelas Valquírias não irem para Valhalla, mas sim para o Hall
de Freyja, Sessrúmnir. E assim esta noção pode ter gerado a interpretação dela
ser a sua deusa.
As
Valquírias colectavam os mortos nas batalhas, havendo histórias em que elas
próprias escolhiam quem queriam levar para Valhalla, não deixando o curso
natural dos acontecimentos ocorrerem.
Na
Mitologia, Odin é associado a decidir quem ganha e quem perde as batalhas e as Valquírias
serem o seu instrumento nesse contexto, mas como vemos na saga de Sigmund, uma Valquíria
está presa por ter dado a vitória ao rei errado.
Não
se sabe se é um evento recorrente, mas existe um sistema muito complexo no que
toca ao destino das pessoas e o que leva, uma vez mais, a interpretação e a
questões sobre livre arbítrio, tanto dos humanos, como dos deuses e seres
mitológicos.
Deixando
à interpretação se as Valquírias escolheriam ou apenas colectariam quem fosse
escolhido por Odin, o que então nos leva a outra questão. Quem escolhe quem
vive ou morre? Odin, as Valquírias ou as Norns?
Como
seres humanos gostamos de dar uma narrativa às nossas vidas, pois é assim que
lhes atribuímos valor e os mais vários sentidos. Mas se olharmos para isto como
“não humanos”, a passagem do tempo torna-se irrelevante. E a Mitologia serve
exactamente para isso, para narrar e dar sentido. E o paganismo não é uma
religião simples, de uma só prática.
Daí, uma vez mais. Existir espaço para tantas interpretações. As Valquírias estão encarregues dos destinos dos guerreiros mas podem agir de formas diferentes dependendo da interpretação. O mesmo se passa com as Shield Maidens. A cultura Pop hoje em dia já as vê como garantido e como sendo verdade, mas, vendo registos históricos, não é bem assim. Sendo uma área muito cinzenta ainda. Mas os factos são que existem registos antigos, antes da era dos vikings sobre Shield Maidens, ao lado de dragões gigantes e outras mitologias, elas aparecem na literatura fantástica. E não nos registos do dia a dia, dos registos de como viviam na altura. Não havendo um consenso, pois nesses registos, nessas sagas existem verdades. Mas não se sabem quais, ou onde acaba a verdade e começa o mito. O que levanta a questão se de facto existiram mulheres guerreiras ou não.
A
arqueologia está a encontrar umas coisas giras, pois já foi encontrada uma
mulher de espada e escudo, enterrada consoante os costumes dos guerreiros.
Portanto, quero acreditar que existam verdades a ser descobertas. A verdade por
detrás das Shield Maidens, ou que
pelo menos existiram mulheres enterradas com armas. O que é também questionado
é se as enterradas com armas seriam guerreiras ou não. Mas se, quando se encontram
homens com armas e não se questiona, na minha opinião elas de facto existiram.
Mas
falta saber muito sobre o como existiram. Se era algo cultural, pontual, ou uma
escolha, como Viking era uma profissão. Existem teorias que as Shield Maidens poderiam ser também guerreiras
com magia, em lugar das Valquírias, representando-as em terra. Levando a
acreditar que estas, a existir, não eram apenas soldados rasos, podendo ser
altas patentes, ou até ritualísticas
na sua natureza. E historicamente existem
registos de mulheres em posições de poder, portanto, havendo mulheres nessas
posições, não me parece descabido que houvessem Shield Maidens,
parece-me até. Lógico.
Especialmente
havendo registos e o conceito social delas. O que é acreditado por muitos é que
caso fosses mulher e fosses para a guerra vestias-te como um Homem e estarias a
abdicar do estatuto de Mulher nesse contexto. Seriam apenas mais um guerreiro. O vestir como um Homem pode ser apenas uma
questão prática, pois armadura será sempre melhor que roupa feminina para
batalhas. E temos também registos nas Edda’s dos deuses se vestirem como do
sexo oposto. Não sendo assim algo taboo para a cultura.
O
que podemos concluir é que o nosso conhecimento sobre o assunto é limitado e
que de facto não sabemos se era de facto possível uma mulher ter a
possibilidade de mudar o seu papel na sociedade, sendo vista como Homem para
guerrear e como Mulher, no âmbito da Paz.
Por
uma questão de necessidade e do que compreendo da cultura, faz-me sentido que,
se uma aldeia fosse atacada, as mulheres também se armassem para defender o que
é seu. Mas não sabemos se esse é o limite do que fariam ou se também
participavam em raids e em guerras. Até que ponto uma mulher que agarre armas e
defenda o que é seu, se torna uma Shield Maiden?
Não
podemos dizer que sabemos.
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